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Descendo a Rua do Alecrim, quase a chegar à Praça Duque da Terceira, vulgarmente conhecida com Cais do Sodré, corta-se à direita na Tavessa do Alecrim. Vencido o primeiro lance de escadas de calçada, logo alcançamos a porta, ou melhor, o portão de ferro verde, que oculta um restaurante inesperadamente bonito, pela sua refinada arquitectura.
Logo no hall, duas confortáveis cadeiras de vime de estética apelativa dão descanso a quem aguarda a sua vez ou simplesmente pretende jogar dois dedos de conversa fora no bar, acompanhado de algum aperitivo.
Do tecto, destacam-se os arcos de tijoleira que suportam este ainda edifício pombalino. Ao longo de mais de dois séculos de história e entre diversas usos, estes espaço já serviu de armazém, até ter sido votado ao abandono por décadas. Quando pegaram nele, os actuais proprietários encontraram uma casa degradada, que foi intervencionada para receber este moderno restaurante.
A ergonomia do material foi também privilegiada, o que se nota nas amplas mesas quadradas de 70 cm de lado, quer nas confortáveis cadeiras de cerejeira onde ao fim de um par de horas continuamos sem sentir alguma dor nas costas. As toalhas e guardanapos de linho, são alguns dos toques de classe, que vamos descobrindo à medida que o tempo passa. Em cada mesa existem candeeiros que resultam melhor de noite, quando a luz da sala diminui de intensidade, tornando o ambiente mais romântico ajudado pela luz de velas.
Talvez poderá faltar algum pequeno pormenor decorativo nas enormes paredes, porém convém lembrar que oito meses ainda é pouco tempo para se encontrar o equilíbrio total na relação das coisas.
A acústica do espaço é bastante boa e não somos perturbados pela conversa do vizinho da mesa do lado, talvez devido ao pé direito elevadíssimo. Para colmatar o silêncio e nos fazer companhia, há
música ambiente ligeira, que às vezes aflora o jazz. Aos fins-de-semana, devido à maior afluência de jovens, mudam-se os ritmos para batidas mais animadas.
2008-12-23 14:43:55